[ CARREIRA ] - Visual Merchandising a partir de Camila Salek.

Olá, amigos.

Pesquisando sobre o Visual Merchandising, encontrei essa reportagem bacana sobre como se desenvolve um projeto de VM e dicas importantes para quem quiser ingressar na carreira. Vale a pena ler.

Irei grifar as partes que considero mais importantes.

Abraços //

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Camila Salek, diretora de Visual Merchandising

Quando o assunto é moda, as profissões passam por períodos de alta e baixa. Depois do boom dos coolhunters, a carreira da vez é a de Visual Merchandising, também chamada de VM por quem trabalha no meio. Mas a verdade é que a área de atuação em si é muito nova no Brasil, e só agora as empresas estão entendendo o conceito e procurando empresas especializadas nesse serviço. Camila Salek, fundadora e diretora da Vimer – empresa pioneira em VM de moda no Brasil -, acredita que o visual merchandising evoluiu do vitrinismo, mas que hoje envolve muito mais do que criar o cenário de uma vitrine. “Eu questiono muito o quanto que nós somos dependentes da vitrine, sabe? As pessoas hoje muito mal trabalham a vitrine, e, quando trabalham, acham que o trabalho está completo, e não é bem assim. Você entra na loja e a loja não tem nada a ver com o que tá na vitrine, vira uma coisa meio desconectada. Parece propaganda enganosa.”

Entre o (amplo) porfólio dos projetos da Camila, está a loja conceito da Havaianas na Oscar Freire, feita em parceria com o escritório do Isay Weinfeld, e que mais tarde lhe garantiu uma vaga como colaboradora do WGSN. “Foi um projeto que levou um ano e meio pra ser feito, antes da abertura de loja. E depois que a loja abriu, que a marca foi pro shopping center, trabalhamos com um projeto completamente diferente

para os pontos de venda.”



A trajetória

Embora seja formada em publicidade e marketing pela ESPM, Camila sempre soube que era com marketing de moda que gostaria de trabalhar. “Na verdade, eu fui parar na ESPM por causa de uma Vogue especial que falava sobre propaganda e marketing, foi muito engraçado. Quando eu vi a vogue discutindo PP, não tive dúvidas – soube na hora que era aquilo que eu queria fazer. Durante a ESPM, fiz vários estágios, tive contato com várias empresas e comecei a trabalhar com uma empresa de tecnologia no finalzinho da minha formação, e acabei ficando lá por 2 anos e meio. Foi uma empresa que na época lançou o pão de açúcar delivery e o primeiro site da Avon. Era o boom da internet, então você imagina – ninguém sabia nem o que era a internet, a gente tinha que mostrar num power point o que que era a internet pras pessoas conseguirem entender, porque não dava pra você apresentar ao vivo, não tinha Wi-Fi. Era uma coisa muito louca.”

“Dentro dessa empresa que eu trabalhei, fizemos um projeto junto a uma empresa de tecnologia para a moda, a Lectra, e depois de uma reunião, a diretora dessa empresa me deu seu cartão e pediu que eu ligasse para ela. Só que, como eu tinha acabado de me formar na faculdade, eu estava indo morar na Califórnia por alguns meses, para melhorar o inglês. Liguei para a mulher e contei tudo isso. E sabe o que ela me respondeu? “Olha, se você for mas voltar em 4, no máximo 5, você vem trabalhar comigo”. E eu só pensando que ela era mais louca do que eu imaginava. Eu peguei o cartão, fui viajar e meio que esqueci disso. Cinco meses depois, ela me manda um e-mail dizendo que se eu voltasse em uma semana, a vaga era minha. Antecipei minha passagem na hora e voltei!”


Na Lectra, Camila Salek seria responsável por abrir uma unidade de design e merchandising no Brasil – e isso com apenas 21 anos! “Foi muito rápido, na semana seguinte eu já estava na França tendo um treinamento super forte de tudo que envolvia Design e Merchandising, porque eles acreditavam que isso seria um grandeboom no mercado. Eu visitei e levei marcas brasileiras pra conhecer tecnologia lá fora. Uma dessas visitas foi na Kenzo, foi uma coisa sensacional. Eu levei várias pessoas aqui do Brasil, um pouco da moda toda porque imagina, quando que a Kenzo vai abrir pra brasileiros visitarem? Isso não acontece né, então eu levei uma super comitiva pra lá e foi incrível.”

“Eu trabalhei lá alguns anos e aí eu me apaixonei de fato por Visual Merchandising, e fui me especializar. Fiz uma pós em criação de moda na Santa Marcelina e vários cursos de VM lá fora, que foi o que a Lectra me possibilitou. E aí, de lá, a C&A, que era uma das nossas clientes, me roubou. A C&A estava querendo desenvolver um departamento de Visual Merchandising. Tinham duas pessoas no departamento naquela época e eles queriam de fato implantar e crescer essa área, e eu fui pra lá com esse desafio.”



Vimer: criação e crescimento

“A Vimer está fazendo 7 anos em 2013, então você imagina o seguinte: eu trabalhava no mercado, passei por algumas marcas, e eu gerenciava os departamentos de visual merchandising dessas marcas, mas toda vez que eu precisava fazer um projeto, eu não tinha quem procurar. Ou ia pra um arquiteto, ou buscava um vitrinista e tentava fazer com que ele entendesse que a história era bem mais fazer vender do que ficar bonito, então eu tinha muita dificuldade. E foi então que eu abri a Vimer. Ela nasceu um pouco dessa necessidade e dessa vontade de oferecer uma solução mais completa pro varejo. Hoje ninguém questiona quando vai fotografar um catálogo com fotógrafo profissional, sabe? Mas naquela época as coisas eram bem diferentes.”

“15 dias depois da abertura, a gente já tinha fechado contratos com marcas pra iniciar um trabalho, porque se o mercado ainda hoje é muito carente, imagina naquela época! A Vimer começou bem focada no segmento de moda, e hoje a gente já tem alguns correlatos de moda, como acessórios e cosméticos. Já fizemos projetos, por exemplo, para uma loja itinerante do Grupo Pão de Açúcar e pra Casa Electrolux, mas eram sempre marcas que queriam beber da fonte de moda, tecnologia e inovação. Hoje tenho um time com 24 pessoas e praticamente todos, se não todos, já passaram pelo varejo, têm histórico em área de venda. O que é muito bom, porque as vezes quando você começa a trabalhar com uma campanha, só com o lado publicitário da campanha, dentro da loja você perde um pouco esse histórico de busca de vendas.



WGSN e FFW

“Eu sou completamente apaixonada pelo WGSN. A gente começou um namoro há algum tempo atrás, quando uma das diretoras da WSGN em Londres esteve no Brasil e gostou do resultado do trabalho que fizemos para a loja conceito da Havaianas. Ela fez uma entrevista comigo, que está até no site do WGSN, e no mês seguinte, me chamou pra trabalhar com eles. Em resumo, nós fazemos reports semestrais de conteúdo sobre o que é tendência no Brasil no varejo como um todo. No último, foram quase 8 mil fotos, é um trabalho bem extenso”. Recentemente, Camila também assumiu uma coluna mensal sobre varejo no FFW, um dos maiores sites da indústria. Realmente, não tem nada que ela não faça.


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Amigos, não irei grifar os últimos parágrafos. Todo ele é de muita importância.
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Mas o que é Visual Merchandising?


Um conjunto de técnicas para trabalhar alguns pontos de contato com o cliente de uma loja. É assim que Camila define o visual merchandising. “O profissional trabalha desde a porta de loja, a vitrine, as trilhas de loja até as paredes, a apresentação, a comunicação visual e a apresentação do produto como um todo – se é num cabide, se é num manequim, por exemplo. Nós temos feito muitos projetos onde a loja nasce com o arquiteto junto ao profissional de Visual Merchandising, e é o ideal. Na verdade, o melhor jeito de trabalhar essa técnica é desde o começo, desde o planejamento de coleção. Porque hoje a gente planeja muito a coleção pensando em desfile e pouco em ponto de venda. Hoje no Brasil a gente trabalha muito a parte final, que é a arrumação da loja, mas de fato o Visual Merchandising começa lá junto com o planejamento de coleção e com a abertura de uma nova loja.”


“São vários os pontos de contato com o cliente no interior de loja, espaços pelos quais o cliente vai passar, e que você precisa descobrir como atrair a sua atenção. Na porta da entrada da loja? Então é legal algumas chamadas ali de preço, com os detalhes da imagem da campanha. E aí desenvolver a mesma arte e linguagem pro espaço interno de loja, que é um espaço de curadoria. A loja inteira é meio que decorada entendeu? E é isso que eu acho que é um trabalho de campanha quando a gente fala de Visual Merchandising, mais do que arrumar o produto em si é conseguir comunicar esses produtos de uma maneira mais atraente.” A Vimer, depois de aprovar um novo projeto com um cliente, também fica responsável por criar um passo-a-passo detalhado de tudo que foi criado para que as lojas montem toda aquela cenografia da forma correta.


Sempre a frente das novidades do mercado, a Vimer agora trabalha com o que é chamado de Visual Guide, que nada mais é do que um guia visual que norteia o trabalho da campanha de uma marca em todos os meios. “É uma forma muito nova de trabalhar, daqui 5 anos eu tenho certeza que vai estar todo mundo trabalhando dessa maneira. A agência cria um guide visual, que vai pra quem faz os anúncios, pra quem trabalha com internet e pra quem faz os pontos de venda. Então todo mundo tem o mesmo guide visual pra trabalhar numa campanha 360.”





Vantagens e desvantagens do Visual Merchandising

“Acho que a maior vantagem é que é uma profissão muito nova, é um trabalho que tá começando no Brasil quase que do zero. As empresas estão buscando entender e se profissionalizar. Eu acho que é uma profissão que dá muito gosto de fazer. É muito bom trabalhar com o varejo, é muito bom ter pessoas envolvidas em resultados, e no meu caso, como eu trabalho pra mais de uma marca, isso é uma delícia. Hoje eu estou fazendo lingerie da Escala, amanhã eu to fazendo beachwear da Água de Coco, depois estou na C&A, depois Burberry, depois Marc Jacobs, então é tudo junto, sabe? Eu viajo 6 vezes por ano pra pesquisa, então essa é uma parte que eu gosto bastante.”

“Um dos lados negativos da profissão é que você perde muito tempo da vida – por isso que eu me mudei para o mesmo bairro do escritório da Vimer. Entre uma reunião e outra eu vou lá, beijo minhas filhas, levo pra escola, eu falo um oi a noite, porque muitas vezes eu não consigo colocar elas na cama pra dormir. Como VM você tem horários bem irregulares.”


Conselhos para quem quer trabalhar com VM

“Eu acho que a primeira coisa a fazer é descobrir se você gosta mesmo da área. Todo mundo que entra pra trabalhar no segmento de moda acha que vai encontrar o glamour, e o Visual Merchandising não é o lado do glamour da moda, é o lado hard working do processo. A minha dica é primeiro ter certeza se quer trabalhar com o varejo, porque você não tem horário, tem que trabalhar de madrugada porque tem que montar uma vitrine quando a loja estiver fechada. Então não adianta querer trabalhar com Visual Merchandising só pra fazer a bonita no shopping de tarde… não vai fazer a bonita no shopping, o trabalho de Merchandising é feito de madrugada, é feito antes das 10 a.m.”

“Hoje as faculdades de moda ainda não ensinam esse lado do ponto de venda, então eu tenho profissionais de todas as áreas aqui na Vimer. Eu tenho gente formada em design de games, em publicidade, em moda… O designer de games é o que eu acho mais engraçado, e dá super certo, porque é uma pessoa que passou 4, 5 anos aprendendo a fazer um videogame no mundo virtual, e consegue olhar muito bem um 3D. E as lojas são 3D! E está aí a maior diferença do publicitário criando e de alguém que pensa 3D, quem pensa 3D desenvolve assuntos 3D, quem pensa 2D anúncio, coloca uma imagem e uma assinatura. Então, tem muita vitrine que a imagem no fundo é assinatura, tudo publicitário. Quando você olha você vê as outras assim que são mais 3D você percebe que já tem uma pitadinha de varejo, que entende que isso é um espaço tridimensional”


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Update:
Videozinho da Camila falando sobre VM
http://tvuol.uol.com.br/video/tudo-sobre-visual-merchandising-com-camila-salek-0402CD99396ECCB94326/

Publicidadezinha sobre a marca própria

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